quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Igreja Batista

Primeira Igreja Batista de Ottawa, Canadá.

As Igrejas Batistas formam uma família denominacional protestante de origem inglesa. Está presente em quase todos os países do globo. Estima-se que tenha mais de 70 milhões de membros espalhados pelo mundo, sendo mais de 45 milhões nos Estados Unidos e Canadá, e cerca de 2 milhões no Brasil. Há também grupos consideráveis na Europa Oriental, Federação Russa, Reino Unido e Austrália.

Origem

A história academicamente aceita sobre a origem das Igrejas Batistas é a sua incepção como um grupo de dissidentes ingleses no século XVII. A primeira igreja batista nasceu quando grupo de refugiados ingleses que foram para a Holanda em busca da liberdade religiosa em 1608, liderados por John Smyth, um clérigo e Thomas Helwys, um advogado, organizaram em Amsterdã, em 1609 uma igreja de doutrinas batistas.

John Smyth discordava da política e de alguns pontos da doutrina da Igreja Anglicana da qual ele era pastor após uma aproximação com os menonitas e, examinando a Bíblia, creu na necessidade de batizar-se com consciência e em seguida batizou os demais fundadores da igreja, constituindo-se assim a primeira igreja batista organizada. Até então, o batismo não era por imersão, só os batistas particulares por volta de 1642 adotaram oficialmente essa prática tornando-se comum depois a todos os batistas. A primeira confissão dos particulares, a Confissão de Londres de 1644, também foi a primeira a defender o imersionismo no batismo.

Depois da morte de John Smyth e da decisão de Thomas Helwys e seus seguidores de regressarem para a Inglaterra, a igreja organizada na Holanda desfez-se e parte dos seus membros uniram-se aos menonitas. Thomas Helwys organizou a Igreja Batista em Spitalfields, nos arredores de Londres, em 1612.

A perseguição aos batistas e a outros dissidentes ingleses, fez com que muitos emigrassem. O mais famoso foi John Bunyan, que escreveu sua obra-prima O Peregrino enquanto estava preso.

Nos Estados Unidos a primeira igreja batista nasceu através de Roger Williams, que organizou a Primeira Igreja Batista de Providence em 1639, na colônia que ele fundou com o nome de Rhode Island, e John Clark que organizou a Igreja Batista de Newport, também em Rhode Island em 1648. Em terras americanas os batistas cresceram principalmente no sul, onde hoje sua principal denominação, a Convenção Batista do Sul, conta com quase 15 milhões de membros, sendo a maior igreja evangélica dos Estados Unidos.

Existem ainda outras teorias sobre a origem dos batistas, mas que são rejeitadas pela historiografia oficial. São elas a teoria de Sucessão Apostólica, ou JJJ (João - Jordão - Jerusalém) e a teoria anabaptista. Ambas são rejeitadas pelos historiadores batistas Henry C. Vedder e Robert G. Torbet.

A teoria de sucessão apostólica postula que os batistas atuais descendem de João Batista e que a igreja continuou através de uma sucessão de igrejas (ou grupos) que batizavam apenas adultos, como os montanistas, novacianos, donatistas, paulícianos, bogomilos, albigenses e cátaros, valdenses e anabatistas. Os batistas landmarkistas utilizam este ponto de vista para se auto-proclamar única igreja verdadeira.

Essa teoria apresenta alguns problemas, como o fato que grupos como bogomilos e cátaros seguiam doutrinas gnósticas e o gnosticismo é contrário às doutrinas batistas de hoje. Também, alguns desses grupos que sobrevivem até o presente, igrejas como a dos valdenses (que desde a Reforma é uma denominação Calvinista) ou dos paulicianos, não se identificam com os batistas.

A teoria anabatista é aquela que afirma que os batistas descendem dos anabatistas, que pregaram sua mensagem no período da Reforma Protestante. O evento mais citado para apoiar essa teoria foi o contato que John Smyth e Thomas Helwys com os menonitas na Holanda. Todavia, além de em 1624 as cinco igrejas batistas existentes em Londres terem publicado um anátema contra as doutrinas anabatistas, também os anabatistas modernos rejeitam ser denominados batistas e há pouca relação entre os dois grupos.

Ambos grupos possuem algumas similaridades:

Crença no Batismo adulto e voluntário;
Visão do Batismo e da Santa Ceia como ordenanças;
Separação da Igreja e Estado.

Batistas no Brasil

Em 1860 Thomas Jefferson Bowen, missionário enviado ao Brasil pela Junta de Richmond, associação de igrejas batistas do Sul dos Estados Unidos, aportou na cidade do Rio de Janeiro. Bowen havia sido missionário na África e pregava para os escravos, já que conhecia a língua iorubá. Porém foi impedido pelas autoridades de propagar as doutrinas batistas no Brasil e Bowen acabou ficando no Brasil por apenas nove meses.

A Guerra Civil Americana (1859-1865), entre os estados do Norte e do Sul dos EUA, fez com que milhares de imigrantes sulistas americanos viessem para o Brasil, e se estabelecessem principalmente em Santa Bárbara D'Oeste e Americana, no interior paulista.

Em 1871 o primeiro grupo batista se estabeleceu em Santa Bárbara, onde fundaram em 10 de setembro de 1871 a primeira igreja batista em solo brasileiro. Os fundadores foram os Pr. Richard Ratcliff e o Pr. Robert Porter Thomas. O Pr. Thomas foi interino por diversas oportunidades tanto na primeira igreja quanto na Igreja da Estação, a segunda igreja batista do Brasil, fundada em 2 de novembro de 1879, também no município de Santa Bárbara d'Oeste, porém em terras que atualmente pertencem à cidade de Americana, pelo Pr. Elias Hoton Quillin. O pastorado interino do Pr. Thomas nas duas Igrejas somou cerca de 25 anos. As duas igrejas organizadas em Santa Bárbara e Americana, contribuíram com cinco de seus membros para a organização da primeira igreja batista na Bahia, fundada em Salvador em 1882, ou seja, a terceira igreja batista brasileira: William Buck Bagby, esposa Anne Luther Bagby, Zachary Clay Taylor, esposa Katherine Stevens Crawford Taylor e o ex-padre Antônio Teixeira de Albuquerque.

Salomão Luiz Ginsburg foi a primeira pessoa a pensar na organização de uma Convenção nacional dos batistas brasileiros. Mas, somente em 1907, a idéia foi concretizada. A.B. Deter, Zachary Clay Taylor e Salomão Luiz Ginsburg concordaram em dar prosseguimento ao plano. Eles conseguiram a adesão de outros missionários e de líderes brasileiros. A comissão organizadora optou pela data de 22 de junho de 1907 para organizar a Convenção, na cidade de Salvador, quando transcorreriam os primeiros 25 anos do início do trabalho batista brasileiro, também começado na referida cidade. No dia aprazado, no prédio do ALJUBE, onde funcionava a Primeira Igreja Batista de Salvador, em sessão solene, foi realizada a primeira Assembléia da Convenção Batista Brasileira, composta de 43 mensageiros enviados por igrejas e organizações. Criada a Convenção, foi eleita sua primeira diretoria: Presidente – Francisco Fulgêncio Soren; 1º vice-presidente – Joaquim Fernandes Lessa; 2º vice-presidente – João Borges da Rocha; 1º secretário – Teodoro Rodrigues Teixeira; 2º secretário – Manuel I. Sampaio; Tesoureiro – Zacharias Taylor. Já nesta convenção foi tratado o assunto do trabalho missionário, discutindo-se o envio de missionário para Portugal, Chile e África. A Unidade foi rompida na década de 50, com surgimento de grupos batistas de aspectos pentecostais e de grupos conservadores.

Em 2006, segundo o IBGE a Convenção Batista Brasileira possuía 6.000 igrejas organizadas, 1.200 congregações ou missões espalhadas em todo o território nacional e mais de 1.100.000 membros, a mesma também possui vários colégios, seminários, orfanatos, faculdades, hospitais, centros de recuperação para drogados todos mantidos em convênios com as convenções estaduais e igrejas locais.
Na área da Educação Teológico-ministerial, cinco são os seminários oficiais batistas: o Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil (Recife, PE), o primeiro a ser organizado (é o mais antigo seminário teológico batista da América Latina); o Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, (Rio de Janeiro, RJ), o Seminário Teológico Batista Equatorial (Belém, PA) e a Faculdade Teológica Batista do Estado de São Paulo (São Paulo, SP), Teológica, como é chamado, que fez 50 anos recentemente;e também o Faculdade Teológica Batista Ana Wollermam localizado em Dourados, Mato Grosso do Sul. Todos oferecem cursos de graduação (Bacharelado) e pós-graduação (Mestrado). Os dois primeiros e a Teológica oferecem Doutorado em Teologia.

A Convenção Batista Nacional nasceu em 1958, quando foi aceito o batismo pentecostal por alguns batistas em Belo Horizonte. Em 1967, o Pr. Enéas Tognini organizou a CBN (Convenção Batista Nacional), reunindo 60 igrejas. Grande parte destas igrejas denominam-se "Batistas Renovados". Hoje, a CBN, segundo o IBGE, conta com 1.500 igrejas organizadas, 1208 congregações ou missões, e 390.000 membros espalhados pelo Brasil (dados de 2006).

As maiores Convenções do país, a CBB e a CBN são filiadas à Aliança Batista Mundial.

As Igrejas Batistas Independentes no Brasil têm a sua origem no trabalho da Missão de Örebro, um movimento Pentecostal-Batista na Suécia. O missionário Erik Jansson veio en 1912 para atender colonos suecos residentes no município de Guarani, Rio Grande do Sul, mais tarde espalhou-se por outros estados. Conta com pelo menos 70 mil membros filiados à CIBI (Convenção das Igrejas Batistas Independentes), com grande presença nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo.

A partir da década de 1930 surgiram grupos de cunho mais conservador e fundamentalista, como a Igreja Batista Conservadora fundada em Bagé - RS, a Igreja Batista Bíblica que organizou a Comunhão Batista Bíblica Nacional (CBBN) desde 1973, com cerca de uma centena de Igrejas e Congregações, a Igreja Batista Fundamentalista e a Igreja Batista Regular. Existem também dezenas de Igrejas Batistas sem filiação, tais como a Igreja Batista da Floresta (MG), Filadélfia (RJ) Calvário em Niterói (RJ), todas de orientação pentecostal.

Existem Igrejas batistas que se proclamam também calvinistas, e são filiadas às diversas convenções ou simplesmente, independentes. No Brasil, há uma comunhão cujo objetivo é estreitar laços de comunhão entre os seus membros, em geral filiados à igrejas batistas reformadas: trata-se da Comunhão Reformada Batista no Brasil.

Os batistas regulares são pouco numerosos, correspondendo-se aos de sua denominação norte-americana e canadense.

Existe ainda a Igreja Batista do Sétimo Dia, cuja diferença em relação aos outros batistas está na guarda do sábado.

Doutrina

Doutrinariamente, os batistas possuem algumas particularidades:

Crença no Batismo Adulto por imersão - assim como os anabaptistas eles creêm que o batismo seja uma ordenança para as pessoas adultas (ordenança, para os batistas, é diferente de sacramento: deve ser obedecida, mas é apenas ato simbólico e não obrigatório para salvação), que deve ser respeitada a menos que o indíviduo não tenha oportunidade de ser batizado. A diferença em relação aos anabaptistas, é que os batistas praticam o batismo por imersão.

Celebração das ordenanças do batismo e também da ceia memorial (não-sacramental), repetindo o gesto de Cristo e os apóstolos ("fazei isso em memória de mim") partilhando-se o pão e o vinho entre todos os membros da Congregação.

Separação entre Igreja e Estado - antes mesmo do Iluminismo, já havia a consciência da separação entre Igreja e Estado entre os batistas.

Liberdade de Consciência do Indivíduo - o crente deve escolher por sua própria consciência a servir a Deus, e não por pressão estatal ou de Igreja Estabelecida.

Autonomia das Igrejas locais - como os batistas originaram do Congregacionalismo, enfatizam a autonomia total das comunidades locais, que podem agrupar-se em convenções. A exceção são os Batistas Reformados, que originaram do calvinismo Presbiterianismo e dos Batistas Episcopais, que surgiram de missões anglicanas no Zaire.

Organizacionalmente, a maior parte das igrejas batistas operam no sistema de governo Congregacional, isto é, cada igreja batista local possui autonomia administrativa, regida sob o regime de assembléias de caráter democrático. Entretanto a grande maioria das igrejas batistas são associadas à convenções, que são na verdade associações de igrejas batistas que procuram auxiliar umas as outras em diversos aspectos, como jurídico, financeiro, na formação de novas igrejas. Essas associações não possuem qualquer poder interventor nas igrejas, pois uma das características da maioria dos batistas é a autonomia de cada igreja local.

Os batistas tradicionalmente evitaram o sistema hierárquico episcopalista como é encontrado na Igreja Católica Romana, Anglicana e entre outras igrejas, como entre os metodistas. Todavia existe variações entre alguns grupos batistas, como a Igreja Episcopal Batista (de governo obviamente episcopal), presente em vários países da África e a Igreja Batista Reformada, de governo presbiterial.

Membros conhecidos:

Billy Graham
Martin Luther King
Charles Haddon Spurgeon
John Bunyan
William Buck Bagby
Enéas Tognini
Jimmy Carter

Convenção Batista Brasileira: http://www.batistas.org.br/


Fonte: Wikipedia

Um comentário:

Raphitcho disse...

Me lembro bem dessa historia, da epoca em que era Embaixador do Rei...

muito bom vc ter postado isso, legal difindir a historia do povo Batista... Parabens...

abraços